BOCAPIU

Ser ou não ser, a questão é outra...

Ser ou não ser, a questão é outra...

Texto de Gelson Vieira.
, noite na Comunidade Alto Alegre, Barreiras, Bahia.

Por mais que não se vem ao mundo desacompanhado,
Por mais certeza que se tenha que a morte possa ser companheira,
No dia, na noite, ao amanhecer ou no ocaso da existência,
Ao andar pelas ruas numa madrugada deserta,
O cálice doutros e outras vidas
Serão levantados!
Comemorarão,
Decerto algo importante
Ou a derrocada do ser!
Que pulsa
Vertiginosamente
Para a negação dele mesmo.
Por mais ou menos sozinho,
Por não existir pessoas ao redor,
Por estar só no mundo e na mente.
Bichos, pássaros a cantar
Ou a piar ante a natureza
Que solapada
Permanece atenta!
Vigia, a própria inexistência!
Por mais que me isole
Ou me torne eremita
A meta de ser o que não sou
Me faz companhia
no deserto de almas.
No retiro
Me faço afastar
Doutros
Me faz encontro
Com aquilo
Que me torna
O ser que ainda
Não se fez em todo,
Incompleto,
me comprazo,
Pequeno.
Quase
Que
Um
Nada!
Que se esforça em braçadas
Na correnteza,
Ou na calmaria
Vê –se absorto
Solto
Ao vento silente
Da calmaria
Que também é
Inundação de cada um
Que se afoga de vida.
Re-tira,
Ré põe
Lagrimas
Sorrisos
Pensamentos hodiernos, passados
E outros por virem,
Se sucederem numa
Talvez insana
Vontade de no instante
Torna-se ontem.
E, a partir do poço
Partir para o A,
Sinônimo de começo,
Re-tomada.
Energia a mil megatões
Ou prá lá de Marraquexe,
Outra galáxia terrestre,
Onde se pousa
Para re-conhecer
O conhecido,
Re pensar
O pensado.
Crer no invisível.
Tornar-me de novo
A partir do ovo
Da genitora
Que um pai
Assim contribuiu.
Tudo isso!
Ao longo dos anos
Conheci e decodifiquei
Os objetos.
A eles dei nome,
Outros
Amoldaram a mim.
Mas, tudo isso,
Sozinho.
Na caverna de mim mesmo,
Inebriado,
Quase bêbado,
pelas sombras
De fake news!
Sono lento,
Madorna que arrebera,
Fica na periferia,
Da coisa
E se faz presente.
Mesmo em dia
Que não seja aniversário!
É certo,
É torto,
É quase,
Não é completo!
A verdade
É que eu queria
Estar bem perto
Do que devo!
Na ânsia
De...
Se o tanto quanto fosse
Assim pudesse ser...
Ou
Não!

Gelson Fernandes Vieira nasceu em Cotegipe BA. É gestor cultural, pedagogo, fundador do Centro de Cultura e Educação Popular – CECEP. Foi representante Territorial de Cultura pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia no Território de Identidade da Bacia do Rio Grande. Estudou Projeto Cultural com ênfase em Pastoral da Cultura pela PUC Minas. Foi coordenador municipal de cultura na cidade de Barreiras e, é assessor do Ponto de Cultura Flor do Trovão em Barreiras. Instagram: @gelsoncultura, e-mail: gelsoncultura@gmail.com.