Cores da Caatinga
Texto e Fotografia de Allan Lusttosa., Salvador, Bahia.
Cores da Caatinga* é uma subversão do olhar na perspectiva de tomar esse ambiente revelador, na dimensão de espaço extraordinário e gigante, colocando-o no “reino do mundo” em tonalidades. Apresenta com uma intencionalidade que contesta a ideia de um ambiente constituído apenas como “mata branca”, (tupi-guarani) “estéril e de terra ressequida pelas altas temperaturas do sol” e, fugindo do conceito comum. É um discurso imagético de afirmação com uma carga de identidade e pertencimento, uma crença que se torna mais que subjetiva. Torna - se visível, aparente e concreta de outra significação de caatinga, resinificando, desconstruindo o conceito de lugar comum e improdutivo.
Surpreende na gama de colorações e tonalidades da vegetação e do solo. Em suas ilhas de umidade e solos férteis, mesmo em períodos de estiagens que se configuram como símbolos de resistência. Através das veredas e brejos que funcionam como um sistema circulatório, onde corre força e coragem em um cenário de dramaturgia social, no qual homens e mulheres estão presentes em toda a caatinga, resistindo na luta por uma politica adequada de convivência com o bioma.
A fotografia “Cores da caatinga” não mostra apenas a Caatinga. Porém, outro modo de vê-la. A concepção da obra resulta de vivências pelos interiores da Bahia, a exemplo de comunidades nos municípios baianos de Caetité, Urandir, Pindaí e Tanque Novo, dentre outras localidades.
O interesse está na disposição de colocar a Caatinga em um lugar central. Representada como um “reino do mundo” - imagem com uma configuração visual em hierarquias de cores e espaço genuinamente brasileiro, constituído de valores e significados. Um universo visualmente interessante que desperta o sentimento de contemplação.
* O trabalho em destaque foi selecionado pelo Salão de Artes Visuais da Bahia através da FUNCEB – www.fundacaocultural.ba.gov.br.
Allan Lusttosa é natural de Formosa do Rio Preto-BA. Sua formação é em Fotografia pela UNIJORGE e reside em Salvador-BA. Allan faz da fotografia militância social, tendo como fio condutor a cultura e a religiosidade popular. Participou de exposições coletivas “Nlà Ijogum (Grande Herança)”, que retrata os fragmentos da cultura afrodescendente através das festas populares da Bahia; “Biomas em Diálogos – Imagens e Atos”, que revela povos e biomas, na Bahia e Sergipe, em sua diversidade e beleza, força cultural, religiosa e ambiental. Recentemente participou da Campanha “150 Fotos pela Bahia”. Essa iniciativa teve a intenção de contribuir com projetos sociais em tempos de pandemia. Instagram @allanlusttosa.